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Cursos e especializações sobre cooperativismo abrem portas para o mercado de trabalho

Em 2023, o cooperativismo gerou mais de 550 mil empregos em todo o Brasil, número que tem crescido ano após ano. Presente em diversos setores da economia, desde a agricultura até o setor financeiro, o cooperativismo se destaca como um importante gerador de empregos e oferece amplas oportunidades de crescimento profissional.

Aberto ao mercado global, o modelo econômico baseado no desenvolvimento sustentável e justo tem crescido continuamente e se tornado cada vez mais especializado. Essa expansão demanda profissionais qualificados, com conhecimento sobre o cooperativismo e suas particularidades.

Na busca pelas melhores oportunidades de trabalho no cooperativismo, sai na frente quem tem conhecimento técnico e prático sobre o funcionamento das cooperativas, a legislação que regulamenta o setor e outras especificidades desse jeito diferente de pensar, consumir e fazer negócios.

Atentas a essa necessidade de formação, diversas instituições de ensino pelo país oferecem cursos voltados ao mercado de trabalho cooperativista. Em todo o Brasil, há pelo menos 46 graduações e 17 pós-graduações com foco no coop.

Na graduação, a oferta de cursos inclui um  Bacharelado em Cooperativismo, oferecido pela

Universidade Federal de Viçosa (UFV); sete cursos de Tecnólogo em Gestão de Cooperativas em universidades e institutos federais e 38 em instituições de ensino privadas, nas modalidades presencial ou Educação a Distância, segundo dados do Ministério da Educação (MEC).

Já as especializações abrangem áreas do conhecimento como Comunicação; Auditoria; Contabilidade; Liderança e Gestão de Equipes; Gestão da Inovação; e Direito Cooperativo. Em uma inovação cooperativista, professores e pesquisadores das melhores escolas de negócios do país criaram uma cooperativa, a Execoop, para oferecer formações executivas com foco no coop.

Entre as instituições de ensino públicas com cursos voltados ao cooperativismo, se destacam a Universidade Federal do Rio Grande (FURG); a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense (IFSul); a Fundação Universidade Federal do Tocantins (UFT); a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IFBaiano).

Entre as escolas privadas, uma das referências nacionais é a Escola Superior do Cooperativismo (Escoop), primeira faculdade voltada exclusivamente ao cooperativismo no Brasil.

O que todas elas têm em comum? Preparam, e bem, profissionais para atuar nas mais de 4.500 cooperativas brasileiras e nas instituições de apoio e representação do cooperativismo.

Tradição cooperativista 

Criado em 1975, o bacharelado da UFV se destaca como pioneiro na formação cooperativista e é bastante concorrido. De acordo com o coordenador do curso, Pablo Murta Baião Albino, um dos motivos da alta demanda é a grade curricular atualizada, que se renova com frequência para atender às novas demandas no mercado de trabalho. “As necessidades são identificadas e analisadas a partir de estudos e pesquisas desenvolvidas por professores e parceiros”, afirma.

O currículo do  Bacharelado em Cooperativismo da UGV inclui disciplinas ligadas à administração, gestão, contabilidade, legislação, e outras áreas do conhecimento. No momento, a universidade trabalha na criação de três novas matérias: ESG e os desafios das organizações coletivas; Governança Cooperativa; e Projetos de Inovação em Organizações Cooperativas.

Com currículo de excelência, os estudantes formados no curso da UFV entram com o pé direito no mercado de trabalho cooperativista: em 2017, um estudo demonstrou que 72,7% dos ex-alunos conseguiram trabalho dentro do próprio sistema cooperativo. Segundo Albino, este ano, um novo levantamento começou a ser feito pela universidade e dados atualizados serão divulgados em 2025.

“O Sescoop [Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo] é um demandante e as cooperativas, em busca de profissionalização da sua gestão, também vem demandando profissionais formados em cooperativismo”, pontua Albino. “Vivemos um momento de crescimento orgânico da demanda. Quanto mais egressos do curso entram no mercado, mais cresce a procura devido à qualidade apresentada pelos alunos formados na UFV”, completa o coordenador.

Experiência na prática

Os bacharéis em Cooperativismo Dener Souza e Thiago Mariano são bons exemplos dessa inserção profissional. Formados pela UFV, eles saíram da faculdade e encontraram muitas portas abertas.

Contratado pelo Sescoop Minas Gerais logo após se formar, há seis anos, Souza destaca que, além da formação ampla e com práticas extracurriculares voltadas às necessidades das cooperativas, o curso na UFV proporcionou a conexão com uma rede de colegas cooperativistas.

“Além do conteúdo, o curso permite vivências que vão te ajudar posteriormente, muitas oportunidades de networking”, avalia. Hoje, Souza faz parte de um grupo criado por ex-alunos para conectar profissionais formados pela UFV espalhados em várias Organizações Estaduais do Sistema OCB.

Colega de Souza na UFV, Thiago Mariano lembra que conheceu o cooperativismo no Ensino Médio, quando soube da possibilidade de construir uma carreira no coop.

O primeiro passo, ainda na graduação, foi a participação na  Empresa Júnior de Gestão de Cooperativas e Cooperativismo (Campic), que funciona na UFV. “Comecei com a função de organizar alguns grupos de estudo e terminei como presidente da cooperativa da empresa júnior”, conta Mariano, que permaneceu por três anos no projeto.

Após passar por cooperativas agropecuárias e de crédito, atualmente Mariano é analista sênior de Desenvolvimento de Cooperados na Unimed Belo Horizonte, uma das maiores cooperativas do país.

Agora do ponto de vista de quem contrata, Mariano afirma que a formação cooperativista faz toda a diferença na seleção de novos colaboradores, porque são profissionais que conhecem as especificidades do setor e compreendem a importância do cooperado, o ativo mais valioso de todo o sistema.

“Tive a oportunidade de trabalhar com excelentes profissionais, mas que não tinham formação em cooperativismo e quando chegavam na cooperativa ficavam um pouco perdidos, com dificuldade de compreender o modelo de negócios”, relembra.

Mercado de trabalho amplo 

Também ex-aluno do curso de Cooperativismo da UFV, o coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB, Alex dos Santos Macedo, afirma que a formação versátil e especializada deu a ele ferramentas para lidar com questões complexas das cooperativas e instituições cooperativistas pelas quais passou ao longo de sua carreira.

“Esse diferencial me possibilitou compreender o modelo de negócios das cooperativas, identificando suas dores e virtudes, o que é essencial para pensar em soluções organizacionais e fortalecer os relacionamentos institucionais que geram resultados e vantagens para as cooperativas.”

Com experiência nas Organizações Estaduais do Sistema OCB no Amazonas, Espírito Santo e Paraná, Macedo acumulou, ao longo dos anos, conhecimentos sobre políticas públicas, gestão pública e relacionamento governamental.

Segundo Macedo, o cooperativismo é o modelo de negócios do futuro e está em pleno crescimento, com oportunidades de atuação em várias áreas:

  • gestão e administração de cooperativas;
  • finanças e contabilidade;
  • desenvolvimento de negócios e comercialização;
  • recursos humanos;
  •  sustentabilidade e responsabilidade social;
  • educação e formação cooperativista
  • educação e formação cooperativista;
  • representação institucional e advocacy

Para se sair bem no mercado de trabalho cooperativista, segundo Macedo, é crucial entender de sustentabilidade e ESG e ter capacidade para liderar equipes e projetos de maneira colaborativa. Isso sem falar dos princípios e valores cooperativistas, as diferenças na estrutura de governança e como elas se aplicam a diferentes tipos de cooperativas.

“Os novos profissionais que dominarem esses conhecimentos e habilidades estarão bem preparados para enfrentar os desafios do cooperativismo no futuro, promovendo um modelo de negócios que é não apenas sustentável e inclusivo, mas também capaz de gerar valor econômico e social de forma equilibrada.

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