Comitê Gestor de Gênero Dona Terezita realiza o 6º Encontro Estadual de Mulheres Cooperativistas RJ

Em 8 de março de 1917, cerca de 90 mulheres operárias se reuniram em protesto na Rússia. Na época, o país enfrentava os desafios da Primeira Guerra Mundial. Elas reivindicavam por melhores condições de trabalho e de vida, além do combate à fome. Essa data ficou marcada como um símbolo da importância da mulher na sociedade e da luta feminina por seus direitos.

Desde o reconhecimento da importância do movimento pela ONU, em 1975, março passou a ser conhecido como o Mês das Mulheres. Para celebrar a data e fortalecer ainda mais a participação feminina no cooperativismo, a sede do Sistema OCB/RJ foi palco, no dia 26 de março, quarta-feira, do 6º Encontro de Mulheres Cooperativistas, promovido pelo Comitê Gestor de Gênero Dona Terezita.

Com o tema “Mulheres que empreendem transformam”, o evento reuniu cerca de 90 cooperativistas de diversos ramos para trocar experiências e debater desafios. Vinicius Mesquita, presidente do Sistema OCB/RJ, deu as boas-vindas aos participantes e reforçou a importância da presença feminina no cooperativismo. “O ambiente cooperativista ainda é muito masculino. As mulheres são maioria no Brasil e essa presença precisa ser vista no cooperativismo também”, ressaltou o presidente.

Rosa dos Santos, presidente do Comitê Gestor de Gênero Dona Terezita, aproveitou sua fala para convidar o público a assistir ao videocast oficial do Sistema OCB/RJ, o Resenha Coop. No Mês das Mulheres, o Comitê Dona Terezita participou de um episódio especial sobre mulheres cooperativistas. O bate-papo leve e inspirador está disponível no YouTube ou Spotify do Sistema OCB/RJ.

Saúde mental e bem-estar feminino

O evento promoveu reflexões importantes por meio de duas palestras instigantes. Monique Neves e Mariana Castor, psicólogas e colaboradoras do Sistema OCB/RJ, abordaram o bem-estar físico e mental da mulher. Já Lívia Nakajima, psicóloga e Analista de Gente, Cultura e Inovação do Sicoob UniMais Rio, discutiu o empoderamento feminino e os impactos dos rótulos na vida das mulheres.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental é um estado de bem-estar em que o indivíduo é capaz de lidar com os momentos estressantes da vida, desenvolver suas habilidades, aprender e trabalhar bem e contribuir para sua comunidade. Anualmente, mais de 300 mil mulheres são afastadas do trabalho por questões de saúde mental, quase o dobro do número de homens, que soma 170 mil afastamentos.

Monique e Mariana exploraram os fatores que levam as mulheres a sofrer mais com problemas de saúde mental. Segundo elas, a sobrecarga das jornadas duplas, às vezes triplas, aliada a desafios como assédio, violência física e psicológica, contribui para o esgotamento mental. Além disso, cerca de 45% dessas mulheres não contam com rede de apoio ou parceiros nos cuidados domésticos e com os filhos, levando também ao esgotamento físico.

Monique Neves ressaltou a importância de momentos de descanso para evitar a exaustão. Para ela, o descanso não é só físico, como dormir e meditar, mas como também sensorial, criativo e emocional. Desconectar-se de telas, ir ao museu, escrever um diário são, respectivamente, exemplos desses tipos de descanso. A interação com o público foi essencial, trazendo novas sugestões para relaxar, como praticar a gratidão e cuidar de plantas.

Ao fim da primeira palestra, Mariana Castor incentivou as lideranças femininas a se tornarem porta-vozes da saúde mental dentro de suas cooperativas e ambientes de trabalho. “Todos podem ser promotores de saúde mental. Cooperativismo é gente. Sem pessoas saudáveis, não há cooperativas saudáveis”, afirmou a psicóloga.

Empoderamento feminino

Empoderamento é a ação de se tornar poderoso, de passar a possuir poder, autoridade e domínio. Esse foi o foco da palestra de Lívia Nakajima, que ajudou as mulheres a saíssem do encontro conscientes das próprias qualidades e competências.

Para alcançar o objetivo, Lívia comandou a dinâmica dos rótulos. As mulheres presentes no encontro escreveram num papel rótulos que lhe foram dados ao longo da vida. Após, rasgaram o papel com o intuito simbólico de se livrar dos rótulos ruins, permanecendo apenas os bons. “Para que novas coisas entrem em nossas vidas, é preciso deixar algumas irem”, explicou a palestrante.

Segundo Lívia, rótulos são para produtos, não para pessoas. Ela enfatizou que “o rótulo não é necessariamente um problema, desde que faça sentido para você e não para os outros”.

O 6º Encontro de Mulheres Cooperativistas reforçou a necessidade de ampliar a presença feminina no cooperativismo e promover um ambiente mais saudável e equitativo para todas. Com discussões enriquecedoras e momentos de troca, o evento deixou um impacto positivo nas participantes, incentivando-as a seguir transformando o setor cooperativo.

Fonte: Júlia Cruz – Comunicação Sistema OCB/RJ