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Geração Z: sucessão promove um novo olhar para a liderança

Você já ouviu falar da geração Z? Esse grupo engloba os jovens nascidos entre 1995 e 2010, que cresceram junto com a popularização da internet e que dominam com facilidade as tecnologias.

Esses são os futuros líderes das organizações, que graças aos seus ideais e preocupações com o bem-estar, devem mudar o mundo corporativo como conhecemos. Com sua visão atenta à tecnologia, a geração Z pode trazer um novo olhar para a liderança das cooperativas.

Neste artigo, vamos entender as afinidades da geração Z com o cooperativismo e como as cooperativas devem trabalhar esses jovens para desenvolver as lideranças do futuro. Boa leitura!

Geração Z: choque geracional e outras dificuldades

Apesar da capacidade de se tornarem ótimos líderes, existem alguns embates quando o assunto é a geração Z em cargos de liderança. De acordo com um estudo realizado pela Visier, 91% dos funcionários não querem se tornar gestores.

Essa resistência à liderança se dá por dois fatores principais: aumento de estresse e pressão ou apenas satisfação com suas funções atuais. A preocupação com o bem-estar é uma questão muito importante para os jovens, que escolhem sem exitar uma boa qualidade de vida ao invés de um cargo de gestão.

Existem outras questões que dificultam a presença da geração Z em cargos de liderança. Isso porque os ideais desses jovens vão contra muitas situações normalizadas pelo mercado de trabalho.

Apesar disso, um estudo da consultoria Deloitte aponta que seis de cada dez representantes da geração Z acreditam que são capazes de gerar mudanças nas organizações em que trabalham. Essas pessoas estão dispostas a agir para transformar os negócios e traçar novas rotas.

Busca por qualidade de vida

O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é uma questão indiscutível para a geração Z. Esses jovens priorizam muito sua qualidade de vida, e temem que assumir cargos de liderança possa comprometer seu bem-estar.

O estudo da Visier apontou que as principais prioridades dos funcionários entrevistados são passar tempo com a família e amigos, ser física e mentalmente estáveis e viajar. A ambição de receber um aumento aparece apenas em quarto lugar na lista de preferências dos trabalhadores atuais.

Renúncia ao estresse excessivo

O estresse excessivo que acompanha muitos cargos é outro ponto que afasta jovens da liderança. De acordo com a pesquisa da Visier, a perspectiva de trabalhar mais horas é um dos principais motivos do porque parte dos trabalhadores evita cargos de gerência.

Porém, isso não significa que essa geração não goste de assumir responsabilidades, assim como muita gente pensa. Esse grupo apenas busca equilibrar de forma mais saudável o trabalho e o lazer, zelando pelo bem-estar e buscando propósito nas suas funções.

Dados da Deloitte apontam que o senso de pertencimento é importante para a satisfação profissional para 86% dos representantes da Geração Z. Ao todo, 44% dos jovens entrevistados alegam que já recusaram propostas de trabalho com base em suas crenças pessoais.

Falta de liderança jovem

Ainda de acordo com a pesquisa, muitos trabalhadores escolhem não abraçar cargos de gestão por não se sentirem aptos a liderar. Essa é uma questão que dificulta o surgimento de novos líderes no mercado de trabalho.

Porém, essa falta de confiança se reflete em dois aspectos principais: a falta de treinamentos e de lideranças jovens. Sem preparações adequadas ou exemplos de pessoas da mesma faixa etária como gestores, é difícil que a nova leva de trabalhadores se sintam confiantes a assumirem o papel de líderes.

Cooperativismo e Geração Z: um match perfeito

geração Z e o cooperativismo têm mais em comum do que se pensa. A cultura cooperativista, existente há centenas de anos, divide diversos ideais com esses jovens, que podem ser explorados para atraí-los ao modelo de negócios.

  • A busca por um propósito: o cooperativismo é capaz de oferecer a geração Z um propósito em seu trabalho, assim como eles tanto buscam
  • A importância do pertencimento: os jovens trabalhadores buscam por oportunidades profissionais das quais tenham orgulho de pertencer
  • Impacto social e comunitário: pensando que a preocupação com a comunidade é um dos princípios do cooperativismo, esse modelo de negócio também sana o cuidado dos mais jovens com os impactos sociais de suas ações
  • Horizontalidade e gestão descentralizada: a geração z apresenta uma predileção a modelos de gestão descentralizados, assim como o oferecido pelo cooperativismo

Geração Z como catalisadora da inovação

Uma pesquisa realizada pela plataforma de currículos Resume Genius mostrou que a geração Z é a mais difícil de liderar, o que gera certo preconceito com esse grupo no mercado de trabalho. Apesar de muitas organizações encontrarem dificuldades de lidar com essa geração, os jovens têm muito a oferecer, principalmente estando em cargos de liderança.

Com a ocupação gradativa da geração Z no mercado de trabalho, algumas coisas devem mudar. A começar pelo balanço entre vida pessoal e profissional, já que, ao contrário de gerações anteriores, os jovens estão longe de ser workaholics e se preocupam com seu bem-estar mental e qualidade de vida.

Além disso, esses novos trabalhadores são adeptos da diversidade e entendem a importância e necessidade da inclusão corporativa para o avanço das organizações. Ainda que muitas pessoas entendam isso como insubordinação, a geração Z também é questionadora.

Para esse grupo, é importante entender os motivos por trás de uma ordem e como suas atitudes podem impactar a sociedade e o meio ambiente. Quase metade dos representantes da geração Z ouvidos pela Deloitte mudaram ou planejam mudar de trabalho graças a suas preocupações climáticas e mais da metade pressionam seus empregadores em prol de ações ESG.

Nativos digitais

Porém, um dos aspectos mais relevantes que surgem com a geração Z ocupando o mercado e assumindo cargos de liderança é o impulsionamento da inovação por meio de novas tecnologias. Essa geração é conhecida como “nativa digital”, tendo em vista que cresceram em meio à popularização da internet.

O que muitos veem como um vício em celulares, pode ser interpretado como uma possibilidade de aumentar a visibilidade da marca por meio de redes sociais como Tiktok e Instagram, seguindo as tendências desses aplicativos.

Além disso, de acordo com o LinkedIn, 74% da geração Z tem a ambição de aprender novas habilidades e se desenvolver profissionalmente. Essa vontade de se instruir somada às suas capacidades tecnológicas inerentes tornam os jovens uma arma valiosa para as organizações. Esse grupo pode sugerir ideias disruptivas e levar as cooperativas ao caminho da inovação.

Como integrar a geração Z na liderança das cooperativas

Como visto, a geração Z pode ter um impacto positivo nas cooperativas. Portanto, é interessante apostar em algumas dicas para integrar a juventude nas organizações, principalmente em papéis de liderança.

Entender e se adaptar às novas tendências do mercado

De nada adianta buscar talentos de novas gerações se sua cooperativa não está preparada para recebê-los. A geração Z é muito antenada às novidades e, por isso, precisam de um ambiente que esteja igualmente conectado às tendências para conseguirem trazer o máximo de benefícios à organização.

Portanto, é importante entender e se adaptar às novas tecnologias e tendências de mercado, não apenas para se manter atual, mas também para se tornar atrativo e interessante para gerações mais jovens.

Apoiar a diversidade geracional

Muitas pessoas encontram dificuldade em lidar com colaboradores mais jovens – principalmente da geração Z. Porém, a diversidade geracional traz inúmeros benefícios às cooperativas, como a criação de um clima organizacional mais positivo e diferentes pontos de vista que juntos podem criar ideias inovadoras.

Por isso, é importante que as cooperativas invistam na interação geracional, por meio de dinâmicas de comunicação e atividades de integração. Assim, a geração Z não apenas será melhor recebida, como conseguirá trabalhar melhor com os outros colaboradores.

Oferecer treinamentos para lideranças

Depois de ter organizado sua cooperativa para que seja atrativa a novas gerações e integrá-las ao time, é preciso pensar em maneiras de tornar os jovens prontos para assumirem cargos de liderança.

Existem programas de treinamentos que podem ser criados pensando no desenvolvimento de novas lideranças. Dessa forma, é possível superar a falta de confiança que muitos jovens sentem frente a cargos de gerência.

Exemplos de inclusão da geração Z em cooperativas

Muitas cooperativas, cientes dos benefícios de integrar a geração Z, já estão agindo para a inserção dos jovens como colaboradores e cooperados. Com programas que incentivam a participação desse grupo, as organizações têm alcançado ótimos resultados.

Programa de sucessão familiar para jovens

A fim de estimular a sucessão familiar e a integração das novas gerações ao cooperativismo, o Sistema Cresol desenvolveu os projetos Juventude Cooperativista e Juventude Conectada. Por meio deles, os jovens aprendem sobre o modelo cooperativista e a planejar a sucessão dos negócios familiares.

Mais de 1.200 pessoas já participaram da iniciativa Juventude Conectada e os jovens começaram a participar mais ativamente das cooperativas Cresol. O envolvimento dos jovens com a cooperativa também aumentou e agora eles fazem parte dos conselhos de administração e fiscal, assim como se tornam Embaixadores Cresol, buscando conectar cooperados e comunidade.

Engajamento de novas gerações no cooperativismo

A falta de engajamento dos jovens e a crescente idade de seus cooperados tornou-se um fator de alerta para a Coplacana. Com um público predominantemente mais velho, a cooperativa viu a necessidade de atrair gerações mais jovens.

Ao identificar a ausência de informações sobre os filhos e familiares dos cooperados em sua base de dados, a Coplacana percebeu uma oportunidade. A criação do Núcleo Jovem partiu de uma busca por soluções inovadoras e resultou em um projeto que visa envolver os jovens e revitalizar a participação na cooperativa.

Conclusão: o protagonismo da geração Z

Apesar de suas peculiaridades, a geração Z pode trazer diversos benefícios às cooperativas, principalmente como líderes. É importante criar um ambiente atrativo para os jovens e em que eles possam se sentir bem recebidos e trabalhar em sintonia com colaboradores mais velhos . Assim, eles podem levar a organização ao caminho da inovação.

Porém, é importante oferecer cursos para preparar esses jovens para a liderança. O CapacitaCoop criou um curso sobre “Liderança e Desenvolvimento de Equipes em Cooperativas”. Com esse material, os colaboradores podem obter conhecimentos em liderança e se tornarem mais aptos a assumirem cargos de gestão.

Fonte: InovaCoop