Em comemoração ao Dia Internacional das Cooperativas de Crédito (DICC), celebrado no último dia 17 de outubro, o Sistema OCB nacional divulgou um estudo para reforçar os impactos econômicos e sociais das instituições financeiras cooperativistas.
Em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisa (Fipe) e apoio do Conselho Consultivo Nacional do Ramo Crédito (Ceco), foram coletados dados de 2018 a 2023 para mensurar, com precisão, a relevância do segmento no Brasil. O estudo mostra que a presença das cooperativas de crédito gera um aumento expressivo no PIB per capita dos municípios onde estão localizadas, na criação de empregos e na arrecadação tributária, além de impulsionar o agronegócio e reduzir a pobreza.
“As cooperativas de crédito oferecem diferenciais expressivos e que precisam ser amplamente divulgados. Elas contribuem para o crescimento da renda e da atividade econômica, promovem pequenos negócios, criam empregos e melhoram as condições de vida de seus cooperados e das comunidades à sua volta, gerando um ciclo positivo que se espalha para outras variáveis, como arrecadação tributária e exportações. É um ciclo virtuoso de prosperidade”, destaca o presidente do Sistema OCB, Marcio Lopes de Freitas.
A arrecadação tributária foi diretamente impactada. Nos municípios com a presença de cooperativas de crédito, a arrecadação municipal apresenta um aumento de R$ 48,10 por habitante (8,7% da média nacional do ano de 2022), e a arrecadação federal de R$ 506,60 por habitante (17,1% da média nacional). No comércio exterior, o valor das exportações tem um incremento de US$ 544,40 por habitante, representando 44,4% a mais do que a média nacional. O saldo comercial, por sua vez, apresenta uma elevação de US$ 491,40 por habitante, o que equivale a 62,5% da média nacional.
Os números não deixam dúvidas: as cooperativas de crédito são protagonistas no desenvolvimento econômico sustentável e na inclusão financeira. Em termos de PIB per capita, os municípios que contam com cooperativas de crédito registraram um incremento de R$ 3.852 por habitante, equivalente a 10% da média nacional de 2021. A geração de empregos foi outro destaque, com 25,3 novos postos de trabalho por mil habitantes, equivalente a 15,1% acima da média nacional. No empreendedorismo, o crescimento apontado é de mais 3,2 estabelecimentos por mil habitantes (15,6% da média nacional).
No agro, os efeitos também são significativos. Quando analisada a produção agrícola, verifica-se um incremento de R$ 466,30 por hectare, superando em 23,3% a média de 2022, enquanto a produtividade agrícola por área plantada aumenta em R$ 1.371 por hectare. Quando analisada a variável de rebanho de suínos, por exemplo, percebe-se um incremento em 72,3 cabeças por mil hectares (28,1% acima da média). Já no de galináceos, são 3.469 cabeças por mil hectares (36,8% acima da média).
Além dos impactos econômicos, as cooperativas de crédito têm sido fundamentais para a redução da pobreza e a inclusão financeira. Nos municípios com essas instituições, verifica-se uma redução de 20,5 famílias por mil habitantes no Cadastro Único e de 24,8 famílias no Programa Bolsa Família, evidenciando seu papel na transformação social. Outro resultado que merece atenção diz respeito ao número de matrículas e de concluintes no Ensino Superior. Municípios com a presença de cooperativas de crédito apresentam 3,2 matrículas a mais por mil habitantes (24,1% da média nacional) e de mais 0,22 concluintes (13% da média).
O efeito multiplicador do crédito cooperativo também é expressivo. Cada R$ 1,00 de crédito concedido gera R$ 2,56 em atividade econômica, R$ 1,17 em valor adicionado e R$ 0,50 na massa salarial. Além disso, para cada R$ 1 milhão em crédito, 22,8 novos empregos são criados, fortalecendo ainda mais o mercado de trabalho e promovendo o bem-estar econômico das regiões atendidas.
O estudo utilizou metodologias robustas como Diferenças-em-Diferenças e Matriz Insumo-Produto para analisar os impactos das cooperativas de crédito. Os dados utilizados têm como base o Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, o Anuário do Cooperativismo Brasileiro e outras informações coletadas pela Fipe.
Com 17,3 milhões de associados e mais de 750 cooperativas em operação, as cooperativas de crédito brasileiras formam a maior rede de atendimento físico do País, com 9,8 mil unidades de atendimento. Em 368 municípios elas são, inclusive, a única instituição financeira disponível. O setor gera, ainda, mais de 112 mil empregos diretos.