O reconhecimento do modelo de negócios cooperativista está em evidência na mídia tradicional. O programa Globo Rural, da TV Globo, divulgou no domingo, 7 de maio, reportagem enaltecendo o papel da cooperativa na vida do pequeno produtor. O tema também faz parte do enredo da novela Terra e Paixão, que conta a história de personagens que transformam suas vidas como cooperados do agro. A Rede Gazeta, no Espírito Santo, também divulgou o protagonismo feminino com as cooperadas da Cafesul no programa regional Em Movimento.
A sede da Coamo em Mato Grosso do Sul faz parte do cenário da novela que vai se passar na cidade fictícia chamada Nova Primavera. Em horário nobre, o folhetim destaca o cooperativismo com sua personagem Lucinda, gerente da cooperativa agrícola de Nova Primavera, interpretada pela atriz Débora Falabella. Outra personagem, Aline, interpretada pela atriz Bárbara Reis, encontrará no cooperativismo forças para se reerguer após perder o marido em uma disputa de terras. Com o apoio da cooperativa, elas transformarão suas histórias.
O Globo Rural abriu a reportagem com a mensagem “trabalhar junto para chegar mais longe”. O programa descreveu a história da maior cooperativa de grãos da América Latina, a Coamo Agroindustrial. Com sede em Campos Mourão (PR), a coop expandiu suas atividades para outros 73 municípios paranaenses, cinco cidades de Santa Catarina e 12 no Mato Grosso do Sul. Atualmente, atende 24 estados brasileiros e exporta para diversos países.
Criada inicialmente para que os agricultores comprassem adubos, sementes e insumos em maior volume, a Coamo tinha, no final da década de 1960, quando foi fundada, como principais produtos o milho e a soja. Com significativo crescimento, em 1971, o primeiro armazém para estocar grãos foi erguido. “Hoje, com tecnologia de ponta, são centenas de silos com capacidade para até 5,6 milhões de toneladas, além das unidades industriais que produzem e distribuem o óleo de soja”, ressalta o presidente da cooperativa, José Aroldo Galassini, há 47 anos no cargo.
Ainda segundo ele, o trabalho social com as famílias cooperadas foi essencial para transformar a Coamo no que ela é hoje “Tínhamos cinco tratores manuais e fomos mudando, corrigindo as terras e foi sucesso. O cooperativismo é um sistema não político, que envolve o econômico e social porque visa o pequeno, o médio e o grande e dá resultado a eles dentro de suas atividades”, completou. Um dos fundadores, Martin Kaiser, colaborou com a reportagem e contou que outra motivação para a criação da coop foi o fato de os produtores estarem “tomando calote do cerealistas”.
Um dos pontos destacados na reportagem é o fato de que, nos anos 1970, a terra de Campo Mourão era considerada fraca, ácida e pouco produtiva. Por isso, a Coamo investiu em pesquisa para melhorar a produtividade e criou a fazenda experimental, que conta com parcerias com universidades e com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Um exemplo prático é a aplicação da técnica de plantio direto e rotação de culturas, considerada chave para o desenvolvimento da agricultura brasileira. “Em 1985, quando esse processo começou a ser utilizado, tínhamos um sistema de preparo convencional de solo, onde era arado e gradeado. No plantio direto não há preparo do solo”, explicou Henrique Debiase, agrônomo da Embrapa.
A inovação permite que a troca de culturas ocorra de forma tranquila, reduzindo a erosão, garantindo a umidade e a fixação de carbono no solo. “Quanto maior a diversidade de raízes de plantas maior será a diversidade biológica do solo, o que torna o sistema mais resistente a doenças, pragas e de intempéries climáticas”, complementou Debiase.
A coop cresceu ao ponto de ter seu próprio banco para financiar os insumos e máquinas, além de oferecer assistência técnica rural, armazenagem dos grãos e garantia da comercialização. A CrediCoamo também financia programas socioambientais e compras não vinculadas à atividade, por exemplo, caso um cooperado queira adquirir um carro próprio. A entidade conta com mais de 70 entrepostos para atender seus associados. Além disso, a Coamo tem um terminal próprio para atender as exportações no porto de Paranaguá (PR).
Prosperidade
A Coamo movimenta mais de R$ 2 bilhões por mês e, em 2022, foram R$ 28 bilhões no total, um valor 50 vezes maior que a arrecadação municipal de Campo Mourão (PR). O prefeito da cidade, Tauillo Tezelli, relatou que o desenvolvimento da cooperativa traz bons frutos para o município e a região. “Ela traz prosperidade, 50% das atividades do município dependem dela”.
A maioria dos produtores associados têm menos de 50 hectares de terra (70%). A reportagem deixou claro que todos são tratados igualmente, sem nenhum tipo de diferenciação entre o pequeno, médio ou grande produtor. “Todos recebem sua quantia na hora da comercialização”, disse o agricultor Almir Américo. Ele frisou também que as sobras – que é a divisão dos lucros anuais – são muito aguardadas pois são como um décimo terceiro salário. Em 2022, as sobras somaram mais de R$ 2 bilhões, que são utilizados no comércio local e movimentam a economia regional.
Filho de Almir, Gustavo Américo, se formou em agronomia, já é cooperado e disse que será a sucessão do trabalho do pai na agricultura familiar. Ele participou de programa da Coamo para formar jovens líderes no campo. “Meu pai participou há vinte anos e agora sou eu. O programa é voltado para desenvolver o jovem porque, querendo ou não, somos o futuro não só da propriedade rural, mas também da cooperativa”, declarou.
CafeSul
O enredo da nova novela Terra e Paixão também inspirou matéria produzida pelo programa Em Movimento, da Rede Gazeta do Espírito Santo (afiliada da Rede Globo). As cooperadas do grupo Pó de Mulheres, da Cafesul (Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo), na cidade de Miqui, relatam suas experiências no desenvolvimento das atividades rurais da associação e a reportagem faz um paralelo entre a realidade dessas produtoras, que encontraram sustento no campo, e o enredo da novela.
A reportagem também aborda o conceito de empoderamento feminino e a importância do trabalho em equipe. “Foi com o objetivo de serem independentes e receberem o reconhecimento merecido que elas se profissionalizaram e, a partir daí, foi impossível não enxergar a potência dessas mulheres”, afirma a repórter e apresentadora do programa Elis Carvalho.
O grupo Pó de Mulheres é referência no cooperativismo e na cafeicultura capixaba. Do plantio à colheita, as mulheres realizam todo o trabalho. Desde 2012 elas foram incentivadas a tomar a frente da produção, ganharam independência financeira na coop e passaram a se reunir para trocas de experiências.
Fonte:SomosCoop